Em uma casa de candomblé, um dos elementos principais e que requer grande sabedoria são as folhas. Sem esse entendimento não haverá a presença do Orixá, o velho provérbio das casas: Kó sí ewé, kó sí Orixá! Sem folha não há Orixá.
Ter os conhecimentos das folhas que vão participar dos banhos purificatórios, combiná-las com suas propriedades específicas adequadas a cada Orixá, a cada Orí, na confecção do adòsú, na preparação da ení do futuro ìyàwó como forma de proteção e fortalecimento, no àgbo do banho do ìyàwó para purificá-lo, como também como bebida e remédio e o próprio transe na incorporação da energia, estabecendo equilíbrio e inconciência. A quantidade de folhas no àgbo varia de casa para casa podendo ser quatro folhas ou múltiplos de quatro e combinando a essência,(quente/fria, macho/femea) equilíbrio.
O Olosányìn é o responsável pelas ervas, folhas e vegetais em geral, este cargo está diretamente ligado aos zeladores da casa, dada a sua importância e responsabilidade, caso não existe um Olosáyìn ou Babalosáyìn, o próprio Babalorixá ou Iyalorixá cumprirá essa função, não podendo delegar a outro filho.
As folhas quando chegam na casa devem primeiramente descansar por algum tempo, depois devem ser bem lavadas por quem irá macerá-las, são colocadas sobre a ení para que o Babalorixá ou Iyalorixá possa rezá-las com cântigos das folhas ou de cada fôlha especificamente de frente para os Ìyàwós que se encontram Kúnlè. O Bàbá ou Ìyá abrirá um Obí, confirmará as folhas escolhidas, mastigará o obí espargindo-os sobre as folhas com seu hálito, seu axé, suas palavras mágicas, para logo depois soltar as folhas para macerar, separando os galhos, caules e folhas feias para o lado, em silêncio, com uma vela ou fifó aceso à frente, sem pressa e rápido, o banho do aríàse do Ìyàwó. Vale ressaltar que após a masseração, o banho descansa um pouco e o que sobrou do banho, já cuado, irá para o ojúbo de Òsanyìn da casa, para depois ser despachado nas águas do rio ou mato.
Todas as obrigações, além da iniciação, em que tiver sacrifício de animais de quatro pés, serão sempre precedidos dessa liturgia sagrada sendo um orô obrigatório, sempre com louvação a Pai Òsányìn, no qual chamamos comumente de Sasányìn ou seja Asá Òsányìn, que são feitos no primeiro dia após iniciação, no terceiro e sétimo dia. Há também o ebó de carrego de toda a obrigação que o próprio Ìyàwó participa que é entregue a Èsù Òdàrà em seu ilé, para que de tudo certo e proporcione tranquilidade aos rituais secretos internos do àse.
“Korin Ewé”, isto é, cantar Folhas em louvar a Òsányìn, aos animais que participaram da obrigação, aos Bàbás, Ìyás, ancestrais, aos ègbóns, sua raiz e àse, Ogans e Ekedis, aos Orixás e ojubós da casa, a Òrúnmìlà e por fim a Òsàlá. Finaliza-se o culto com os cântigos das três águas, o omièrò de àse, reverenciando o Màrìwò e Òsányìn.
“Biribiri bí ti màrìwò
jé òsányìn wálé màrìwò
Biribiri bí tí màrìwò
Bá wa t’órò wa se màrìwò”.
Algumas casas tradicionais tem um esquema fixo de folhas combinadas para banhos de àgbo pra casa, para obrigação, para o àse, para o osé, etc.
Um dado litúrgico importantíssimo é que as folhas acompanham os assentamentos de todo e qualquer Orixá quando estes vão comer, acomodando o assentamento, como também o ìgbá Orí quando o Orí vai comer. As folhas combinam de uma forma mágica misturadas e essencialmente equilibradas e de acordo com cada Orixá e sempre frescas.
Obs: Não se toma banhos de àgbo velho que pode estar passado ou estragado, pois as ervas perdem sua função litúrgica.
Pai Òsányìn gosta de um fumo de rôlo no cachimbinho de barro, se disfarça num lagarto, num galho seco que Eyé pousa, pula numa perna só, gosta de vinho de palma, fradinho torrado com mel, frutas, alquimista, solitário e um grande Pai que está presente dentro do àse das casas ketu/Nagô.
Sãos as folhas secas que nos fornecem um bom defumador para inúmeras finalidades, são com folhas que fazemos vários tipos de ebós de sacudimento de egun, e quantas dietas fazemos com folhas? vários comidas de Orixás.
São 21 os korín ewé entoados e a primeira Ewé é o Pèrègún, a folha ancestralizada: asà o, erù ejé.
“Pèrègún àlà wa titun o
Pérègún àlà titun
Bàbá pèrègún àlà o merin
Pèrègún àlà wa titun”
Só Òsányìn conhece os segredos das folhas, só ele sabe os ofós que despertam seu poder e força, conectar com essa magia é o grande Awo, o ejé verde é fundamental em toda liturgia.
Òsányìn Elesekan, Irúmalé àgbénigi, Òsányìn Onísegùn Ewé ó Asà!
Ewé Òrìsà!
Babá Fernando D’Osogiyan
Korín Ewé Bàbá Fernando.
“Òdúndún Bàbá tèrò lé
Òdúndún Bàbá tèrò lé
Bàbá tèrò lé,
Malè tèrò lé
Òdúndún Bàbá téro lé “.
“Odundun (saião), Pai espalhe a calma sobre a terra
Odundun (saião), pai espalhe a calma sobre a terra
Pai, espalhe a calma sobre a terra
Irunmalé, espalhe a calma sobre a terra
Odundun, Pai espalhe a calma sobre a terra”.
Asà ò, erù ejé!
Àse.
Bom dia, sr. Fernando!
Como sempre, postando textos com base filosófica e teologica do universo dos orixás.
Gostaria q. o senhor me tirasse uma dúvida, se a fumaça é interdito para os orixás, então por que a presença do fumo, cachimbo, defumações no culto ao orixás?
A outra a pergunta é a seguinte: Todas as folhas do planeta são de Osanyn, ou apenas aquelas que estão catalogadas, isto é, aquelas q. constam nos itans?
Um abraço.
Bom dia Mário,
Obrigado por suas palavras, axé. Não entendo que a fumaça seja um interdito para os Orixás em geral. Usamos as folhas secas para defumar e purificar, são rituais que também pertencem ao culto de Pai Òsányìn, como chás e diversas efusões.
Òdùdùwá é dos que eu conheço que não tolera a fumaça, sendo proibido o defumador em seu quarto ou local de culto.
Todas as folhas são dominadas por Òsányìn, porém pertencem a Olorun que deu a ele o poder sobre elas.
Grande abraço,
Axé.
Bàbá Fernando,
Uma vez lí aqui no blog um comentário seu e nesse comentário tinha uma lenda de Oxum, que o senhor mesmo havia escrito.
Essa lenda contava que Oxum havia envenenado um rio onde alguns soldados beberiam a água, uma lenda parecida com essa…
O Senhor poderia escrever essa lenda novamente pra mim, porque eu não encontro ela aqui no blog..
Obrigado, Axé!
Bàbá Fernando parabéns por mais um texto belo e singelo.
As folhas funcionam
Os remédios funcionam
Remédios que não funcionam
É por que que tem folhas faltando.
Ewè Osonyin.
Ire o.
Boa Tarde,
Vivendo e prendendo sempre. Dizia minha bisavó: “Você nasce sem nada saber e morre sem tudo saber.”
Mais de 20 anos e nunca vi, ouvi nada sobre as folhas. A única coisa que ouvi e gostaria que me dessem sua opiniões (Babá Fernando e Babá Da Ilha) é relacionado ao Ketu. Explico:
Soube que a nação Ketu não usa folhas, apenas Angola
Soube também que muitas qualidades de orixás estão deixando de serem raspados em Iyawô pela falta de folhas específicas.
Babá Da Ilha, quanto a medicação, isso á fato. Temos uma flora magnífica que destrõem a cada instante. nela está a solução para os casos, sendo que nosso mundo requer situações imediatas e para isso criam em laboratórios vírus para combater outros vírus e sua mutação genética gera novos males nunca vistos.
Pagamos pela nossa pressa e pela nossa falta de conhecimento.
Axé.
Janaina, tanto o Keto/Nago como a ATR não existiriam sem as folhas.
Cantamos folhas, vivemos para as folhas (raizes, cascas de árvore, galhos, flores, frutos), louvamos Osonyin, o Espirito das Folhas, Aroni, Òrúnmìlá e Erinlè.
Em África Erinlè é o òrìsá protetor dos herbalista, as folhas pertencem a Òrúnmìlá e Osonyin o mago, manipulador e profundo conhecedor destes elementos.
Um pouco diferente do Candomblé, porém, o objetivo final sempre será perseguido, o àse contido nas folhas.
Eu particularmente adoro cantar as folhas, procuro me esmerar em seus cantos e traduções e considero o culto das folhas feito pelo Candomblé muito mais envolvente (sem demérito para ninguém) e emocionante.
Pesquise folhas, cantos, propriedades e ebós. Você descobrirá um mundo novo.
E muito respeito com Osonyin, louve sempre este òrìsá quando for manipular com a flora.
Quanto ao desrespeito as leis basicas da natureza, saibam todos que as leis de Deus estão sendo desrespeitadas, a natureza não se vinga ela se reajusta e neste reajuste vemos as catastrofes, desertificação, leitos de rios secos, nascentes mortas e etc…É a natureza negando ao homem aquilo que ele não respeita.
Ewè o.
Gbogbo ire.
Janaína,
O provérbio é ketu/nagô: Sem folhas sem Orixá! Nada se faz na nação ketu sem a presença das folhas na liturgia. Òsànyín e o manipulador e dono das fôlhas e “Olodumaré” aquele que confere os poderes a Àgué como também é conhecido, ele passa a ser o herbalistas dos Orixás. Na cidade de Iraó na Nigéria até a fronteira com o Dahomé podemos encontrar o culto a Bàba Òsanyìn a supremacia milenar do erveiro Elésíje.
Não é por falta de folhas pois temos florestas, flora, fauna e muitas folhas ja foram substituidas e perfeitamente aceitas dentro dos rituais.
Axe.
Então Babás, o que posso dizer em meio a resposta de vocês é que há muita gente mal informada por aí e o pior é que perpetuam as desinformações e isso prejudica muito o ori.
Das leis da natureza, gosto de dizer que as leis são nossas e por termos facilidade em desrespeitar limites, impomos nossas leis a própria natureza, como uma forma de preservá-la, o que em parte creio ser um erro, pois o homem se considera distante na natureza, ou seja, ele não é um ser NATURAL e precisa de artífices para se conter.
O que acho engraçado, se é que posso considerar assim, é que a natureza permite que façamos o que quisermos e de repente “Pluft” ela mostra quem é a dona do pedaço ..rsrsrs
Há 5 anos atrás vi o mar tomar casas no norte do RJ e essa semana vi o mesmo no RN e isso, novamente me remete a minha sábia bisavó: “Eu tomava banho de mar aos pés da Igreja da Glória, o homem aterrou tudo, só quero ver o dia em que o mar quiser tomar de volta o que é dele”
Há mais de 1/4 de século ela não está entre nós e assistimos tsunamis ocorrerem em vários locais.
Tudo isso por não pertencermos a natureza,uma infelicidade.
Axé.
Janaína,
Não somos os donos da verdade, por vezes até discordamos num ponto ou outro, entretanto, não podemos fechar as portas para o conhecimento, nossas janelas estão sempre abertas para o mundo e outros pensamentos e saberes. Meu objetivo é sempre descomplicar, parece que muitos gostam de tornar as coisas difíceis, procurando as diferenças onde muitas vezes só há igualdade. Muitos estão no candomblé a anos e não sabem o que é preparar um àgbo (efusão de ervas para banhos purificatórios) e muito menos como manipular e escolher as fôlhas corretas. Alguns novos zeladores pulam etapas de aprendizado e não dão valor ao aprendizado das sasányìns e não conhecem as ervas que trazem o Ìyàwó em sua iniciação, etc.
Korin ewé:
“Ata kò r’oju ewé, ewé – Pimenta não é mais do que folha, folha
lele kò r’oju o ígbó oògún” – Vento não é mais que floresta de remédios.
Axé.
Ahh Babá Fernando,
é exatamente por não serem os donos da verdade que me encontro aqui.
Aproveitando suas palavras, diria que vocês são “Facilitadores de Conhecimento da Cultura”, mas fica um nome E N O R M E, não é?!
Enquanto o intuito de vós é realmente unir a sapiência com a facilidade prática.
Não podemos nos responsabilizar pelo o que fazem por aí. É muita pompa, muito estrelismo, muita promessa…é o egocentrismo. Ruim quando fazemos esforços para mostrar que a religião não é o que pintam, mas, cada cabeça uma sentença!
Abraços e Axé.
Texto incrivelmente inspirador, sou do candomblé de ketu em Pernambuco, omórisá de Osanyin, tenho 7 anos de iniciado, e… apesar do tempo que conheço a religião dos orixás, aprendemos a cada dia que sempre temos algo a aprender, e o pai Osanyin é uma das grandes fontes de conhecimentos ocultos e misteriosos que temos em nosso meio. Lutemos por sacerdotes que tem a religião como sagrada e não como profanação ridicula de nossa liturgia. Que osanyin nos protega, que a força das folhas nos cure e nos ilumine
axé
Ewé,
“Ewé pélé pé aní tó pé o, ewé pélé pé aní tó pé, (bis)
Obé pèlé pé, a fun pèlé bé
Làkà ká a fún o ní féréré, ewé pèlé pé a ní to pé o”
Axé.
BOA TARDE EM RELAÇÃO A MEU PAI OSSAIM GOSTARIA DE SABER EM RELAÇÃO A ODU ELE PODE RESPONDER COM QUAIS NÚMEROS E GOSTARIA SE SABER SE ESSE ORIXÁ EM OUTRO JOGO SENÃO FOR DO SEU ZELADOR SUA NAVALHA ELE PODE SE ESCONDER
vania,
Clique na minha foto e procure o post “merindilogun” o jogo de búzios e pesquise o odú de Ossain.
Axé.
BOM DIA A TODOS GOSTARIA DE PEDIR UMA AJUDA A VOCÊS SE FOR POSSIVEL , SOU FEITO NO CANDOMBLÉ HÁ 21 ANOS OGAN SOU DE ANGOLA MORO NO RIO DE JANEIRO E ESTOU ATRASADO COM MINHAS OBRIGAÇÕES ESTOU UM POUCO AFASTADO POR VARIOS MOTIVOS, E GOSTARIA DE UM GRANDE FAVOR SE AQUI NO RIO TEM UMA CASA QUE EU POSSA JOGAR JOGO DE BUZIO E COLOCAR MINHAS OBRIGAÇÕES EM DIA UMA CASA SERIA DE CONFIANÇA. FICAREI MUITO GRATO AXÉ A TODOS.
Mauricio, entre em um post do Euandilu, perguntas e respostas – clik na foto dele-, e peça ajuda, com certeza ele não vai lhe negar.
Ire o.
olaa.. rsrs.. vcs sabem me dizer um lugar que eu possa jogar buzios e saber realmente o meu orixa de cabeça aqui no rio de janeiro.. estou passando por muitas coisas dificeis para alguem de 25 anos.. e amo os orixas.. nao tenho um tustao no bolso.. mais tenho certeza que tudo dara certo!! rsrsr Axe!!
Ogue, nós podemos lhe ajudar indicando uma casa, mas saber o seu òrìsá neste hora não é o mais importante.
Importante é vc saber que Odu está trazendo a solução para o seu problema, ou será que o problema é vc?
Tudo precisa ser investigado, não se toma uma decisão sem saber o por que de tantos obstáculos.
Pense desta forma e quem sabe a solução pode estar na sua frente.
Ire o.
obrigado pelas palavras estava lendo sobre os Odus agora mesmo, ai entrei aqui pra ve minha pergunta..e vc falou o q estava pensando.. rsrrs acho que o problema sao os dois!! aprendi a nao me ausentar dos meus problemas.. afinal eles sao eu , mas eu nao sou eles.. rsrs..
Ogue,
Problemas todos temos, uns mais outros menos, mas, saber nosso Orixá sem ser iniciado não ajuda muito, nesse caso. Siga um conselho de uma velha tia de santo, Mãe Benta D’Ogun do Axé Oxumare: “santo da misericórdia é Oxalá”. É Oxalá que responde na misericórdia suprema, quando você pensar que não existe solução, rogue a Oxalá de frente a qualquer elemento da natureza, seja no Ar, respirando fundo, seja nas matas tocando numa árvore, seja de joelhos na terra, seja aonde houver a natureza, ali encontrarás Oxalá e quem sabe seu próprio Orixá, é se conectar com a energia.
Boa sorte,
Axé.
obrigado pela palavra e aprendizado e conselho… axe
nelson por favor preciso da sua opniao to desesperada eu acho que vc ee o melhor pra dar
Alik, o Nelson está afastado do blog ele está seguindo seu caminho.
Ire o.
oi nelson então vou contar minha historia eeassim
minha mae entrou numa casa de umbanda so que ela jogou com esse baba deu iansa com oxala mais ella ee da iansa com ogum ella teve quer da um burii por que a iansa pediu pra ela raspa so que ela ee teimosa ii nao quer fazer a voltade do santo della so que oo pior que ela ja jogou com 3 babas ii deu que ella tem que raspa so que ella nao não o fato que surgiu um poblema que diz ella que oo baba tranco a pomba gira (maria mulambo) mais ella ja encoporo uma vez oo fato e que eu tambem to na csa eu incoporo primeiro que ella tudo so que nas contas do meu paii eu sou de iansa com oxossi ii na amiga da minha mae jogou pra mim ee deu ogum com iansa(igbale) lindo essa qualidade de iansa amoo muiito eu ispiritual o pior de tudo que eu tambem sou do candomble doo mesmo baba eu amo meu paii de santo ee meu santo acima de tudo mesmo que eu não saba qual ee ainda so que eu não virava ate o começo do ano quando teve uma festa la na csa do dele so que eu so bolava na hora do oxala so que no sabado minha madrinha deu comida pra santo ii canto pra todos os orixas iii bem na hora da iansa eu vireii cologo depois eu boleii agora eles acha que eu sou de iansa mais ja vireii no ponto de ogum uma vez so que minha mae nao quer mais eu deixar eu ir pra la to super triste com isso preciso da sua opniao nisso o que vc acha ????/ nao quero sair da casa agora que comeseii o meu caminho quero ii vou conseguir ate o fim me d um conselho porfavor ..
Prezado Fernando,
me foi informado que durante a gestação de minha mãe, ela ficou sete dias na cama de odé, não sou rodante, precisando batizar odé, eu raspo ou não?
Jorge Eduardo,
Explique-me o que é “ficar na cama com Odé”? batismo é culto católico, evangélico! Esclareça com detalhes sua pergunta.
Prezado Fernando, agô,
não fui completamente claro, pois ontem estava em discusão com uma abiã e me fugiu o raciocínio.É o seguinte, minha mãe que deus a tenha lá, informou-nos que antes de eu nascer(ela gravida) ela ficou deitada os sete dias em uma cama(não posso dizer como) de odé e que caso eu fosse tornar-me um ogã batizado, não haveria nescessida de raspa o orí, isto procede?
Qual a condição é determinada que um filho ou filha de santo, rodante ou não, seja ou não raspado(a) está é realmente a questão.
Jorge Eduardo,
Sua mãe tomou obrigação grávida, isso consiste que você participou indiretamente da obrigação de sua mãe. Se um dia você se tornar um ogan ou iyawo, você terá que se iniciar normalmente como todo mundo, ter sua própria identidade religiosa e também dar a devida satisfação ao Orixá de sua mãe. Ogan na minha nação, ketu/nagô não raspa a cabeça, somente quem roda com Orixá é que raspa a cabeça.
Axé.
Ègbé,
Sasanyin
Na Casa de Òsùmàrè, há uma particularidade singular nas obrigações denominadas Oro, que de forma veemente remete-nos à liturgia Yorùbá, seguindo o mesmo Modus Operandi da terra na qual o Culto aos Òrìsàs nasceu, evocando por meio
de rezas, cânticos, Orikis e Ofós, todos os elementos que posteriormente serão utilizados.
Assim sendo, à exemplo do que ocorre na África, todas as substâncias chamadas transformadoras de Asè, basicamente elementos da natureza, como, por exemplo, as folhas, são evocados de maneira que seus poderes sejam “despertados” e potencializados, para que então possam ser utilizados. Esse ritual, de importância sem-par no culto aos Òrìsàs, denomina-se Sasanyin.
No Terreiro de Òsùmàrè, a Sasanyin precede a imolação. Os membros do egbe (comunidade), liderados pelo seu Sacerdote, entoam cânticos sagrados, objetivando emanar de cada elemento o seu poder mágico e, somente após terem sido devidamente consagrados e fortalecidos pela magia, são utilizados.
Nesse âmbito, há uma infinidade de cantigas, que não somente enunciam o nome da folha em yòrúba e o seu poder, seja de cura, seja de transformação, mas também evocam os poderes da água, dos animais, etc.
Dessa forma, no Terreiro de Òsùmàrè, bem como na África, acredita-se que para sacralizar os objetos de culto, ou mesmo revitalizar os assentos dos Deuses com o sangue oriundo do reino animal, é necessário que antes, todos os demais elementos sejam “encantados”, por meio das Sasanyin. Essa ideia é fortalecida ao observar a cultura yorùbá, onde crê-se que antes de qualquer ritual, é necessário que todos os elementos sejam encantados por meio dos chamados ofo.
Na cultura yorùbá, os elementos sem encantamento são somente elementos comuns. Para conseguirmos extrair todos os poderes das folhas, elas deverão ser encantadas antes de serem manipuladas. O mesmo ocorre com os animais, com os Okuta (pedras) e tantas outras importantes sustâncias, como o mel, o azeite de dendê, Waji, Osun, etc.
Por essa razão, mantemos viva essa tradição da mesma forma como nossos antepassados faziam. Antes de usarmos, sejam as folhas, sejam os animais, nós os evocamos para que ele possam se comunicar com os Deuses.
Que Òsùmàrè Arákà esteja sempre olhando e abençoando todos!!!
Ilé Òsùmàrè Aràká Àse Ògòdó
Texto: Casa do Òsùmàrè
bao noite tenho uma duvida e gostaria que o baba da ilha e o fernando pudessem me responder todo ritual que se utiliza de folhas devem ser cantadas/rezadas? em um oro de orisa se da folha para que o animal mastigue? e tenho uma grande duvida oque é ori mege(acho que e assim que se escreve) e tenho mais uma duvida e possivel iniciar uma pessoas que nao virou no quarto de santo e tira-la na sala como um yao?
desde ja agradeço a voces dois e espero que possam me ajudar.
alexandre,
Sim, todo ritual que se utiliza de folhas deve ser rezadas ou cantadas.
Sim, tem um ritual específico que se dá a folha para o animal mastigar.
Orí meji é a energia de “um Orixá” que se divide em duas, por exemplo: Oyá com Oyá, Ogun com Ogun, Xango com Xangô, etc, etc, etc..
Não se inicia ninguém acordado ou que não esteja virado no Orixá.
Axé
Aproveitando o assunto de Ori Meji: o que o senhor quis dizer é o orixá Olorí se manifestará sob dos aspectos/qualidades diferentes: tipo, a pessoa é de Ogun que se manifestará como Já e Onirê? Ambas manifestações tidas como o olorí, existindo ainda um juntó e seus carregos? É possivel encontrar nesse orixás atuantes em energias proximas tais como Ogun e Odé ou Xango e Ayrá formando orí meji? Ou é apenas um unico orixá sob caminhos diferente?s
Marcos,
Olori somente um Orixá se manifesta,justamente aquela que no momento da iniciação respondeu e Orunmilá confirmou. Ori meji é a mesma energia que se divide em duas, porém, só uma prepondera dando a incorporação.
É possivel, dependendo do enredo de cada um, normalmente naqueles que tem cargo de zelador, encontrarmos outro orixá atuante, é raro, mais é possível e vários fatores interagem nessa questão mas que infelizmente aqui não podemos discorrer.
Axé.
Alà Babà o senhor possui o conteúdo deste ritual em apostila que explica o passo a passo deste rito das fhas tão importante.
Asè ooo!
Arnaldo,
Não tenho apostila passo a passo, sem dúvida, é um grande ritual e muito importante.
Axé.
Olá Arnaldo,
Se me permite acrescentar, se você digitar “apostila de sasanha” no Google, vai achar algumas disponíveis, de graça! São versões MUITO resumidas, mas correspondem ao ritual que se vê em muitas casas por aí. Uma bela Sasanha é um ritual bastante longo de agradecimentos e louvações.
Poucos dirigentes tem “paciência” para deixar os responsáveis fazerem do jeito que eles gostariam: lavando, agradecendo e encantando cada folha. Se largar na minha mão, vixe! hehehe
Uma dica: arrume um caderninho, assista a maior quantidade de sasanhas possível, vá anotando e perguntado aos mais velhos os pontos, o significado, os usos… É difícil as pessoas entenderem que esse tipo de aprendizado leva anos, mas sem dúvida, é a melhor forma de aprender com consistência a realizar este e qualquer ritual.
Por fim: As pessoas dificilmente lavam as folhas, geralmente passam uma água e pronto, aí, na hora de usar as ervas, a tonalidade da mistura fica cheia de poeira e terra, e não aquele verdão bonito do sumo das folhas… confesso que dá uma certa braveza nessas horas!
Motumbá
Lindo texto, obrigado por compartilhar conosco seu conhecimento pai seus ensinamentos realmente me abriram outros horizontes… Sua benção pai! Que meu pai ogum abençoe o senhor sempre!
Nicolas,
Osogiyan lhe abençoe e Ogun seja por nossos caminhos!
Axé.
Bom dia. Me tira uma dúvida. Na nação jeje mahim não se usa folhas?nao se canta folhas.
Nila usa-se folhas sim e tbm se canta folha.
O cantar a folha é complicado, mesmo na Nigéria, vemos vários banhos sendo preparados sem uma cantiga, porém, depois é feito o ofó (magia) e agrega-se outros elementos a essa folha/banho. E funciona.
O importante é saber retirar da folha tudo que ela tem a oferecer.
É para poucos.
Ire
Olá boa tarde.
Alguém conhece, o sabría orientar, sobre o culto de Yezam? Culto propio de Ossaim.
Adupé.
Olá boa tarde.
Alguém conhece, o sabría orientar, sobre o culto de Yezam? Culto propio de Ossaim.
Adupé.
Ezequiel,
Segundo o Pai Alá Wowwon Messecan Meyé, o culto de Yezam consiste em um conjunto de ritos surgidos no continente africano desde 4.500 anos antes de Cristo, e está vivo em Cuba até hoje, sendo praticado somente no templo Ori Eiyé Keiyé, onde seus sacerdotes e demais fiéis se propõem a desenvolvê-lo e preservá-lo pela importância que tem no contexto social.
A prática do culto regeu os destinos religiosos de uma boa parte do continente africano durante três mil anos antes de nossa era, segundo os Sobas, sumos sacerdotes do culto de Yezam.
Prova disto é o esplendor atingido por algumas nações que tiveram relações mercantis e religiosas com o Daomê, país do ocidente africano em que os mandingas estabeleceram seu império. Um de seus antigos e principais sacerdotes, Hunon Dagboel, acabou com os sacrifícios de animais assim como também incorporou o termo Ala Wowwo que significa: Babalawo Maior, Patriarca da Nação Arará.
Axé.
Adupé Babá Fernando.
Axé.