Feeds:
Artigos
Comentários

Resultado de imagem para foto de lamparina

As 16 lamparinas de Òsun – Como Òsun Iluminou a noite.

Segundo os nagôs igbominas malês, o ritual das dezesseis lâmpadas de Oxum, é originário da súplica feita pelo poderoso caçador Olutimehin a Oxum Ieiebiru, e que faz parte da história oral da fundação do reino de Oshobô. Segundo nossa tradição oral, Olutimehin o caçador de elefantes, sedento e cansado, durante longa noite de caça, procurava por água próximo ao rio Oshobô. Absorvido por densa escuridão, que o impedia de encontrar o rio para aliviar sua sede, ele clama por Oxum Ieiebiru como aquela que ilumina a escuridão com seus dezesseis olhos. Como graça divina, surgem espíritos que iluminam o caminho para o rio. Segundo os antigos sacerdotes de nossa tradição ancestral, os ritos de iluminação são realizados de acordo com essa narrativa, que remete ao mito das Lamparinas de Oxum, a divindade da sociedade Geledê. A partir de hoje, 26 de Agosto de 2018, nós, igbominas da diáspora, retornamos a realizar o mesmo rito tal qual era feito por nossa matriarca, a venerável Ialorixá Marcolina Moreira de Araujo – Oxum-oin. O rito de iluminação feita com as lamparinas remonta os laços com a Oshogbo e com nossa matriarca Ìyá Marcolina de Oxum. Adendo: Há 600 anos foi realizado o primeiro ritual, em Oshogbo, e em nossa família faz 105 anos.

LAMPARINAS DE ÒSUN A narrativa que nos elucida o mito sobre as primeiras lamparinas (àtùpà) da divindade Oxum Ieieberu (Yèyébíru) nos foi passada pelos nagôs igbominas malês, na diáspora para solo brasileiro, da mesma maneira que era contada na cidade Oshobô (Òsogbo), em Nigéria. No início da fundação de Oshobô, a cidade era envolvida por dezesseis belos lampiões, que sustentavam a queima de um tipo de chama mística, a qual queimava durante o período do anoitecer ao alvorecer. O ambiente era denominado por “Os dezesseis olhos de Oxum” (Àtùpà Olójú Mérìndílógún Òsun), o qual se destinava a manter a proteção e a celebridade do lugar durante a noite. A chama acessa continha um encanto que protegia a cidade dos ataques humanos e perturbações sobrenaturais. Nos dias atuais, as lamparinas que representam “Os dezesseis olhos de Oxum” são acesas somente na festividade anual da cidade de Oshobô. Os nagôs igbominas malês, descendentes de escravos que viveram em solo brasileiro, preparavam seus “brilhos de fogo”(Ítànná) em panelas de ferro, contendo brasas que queimavam folhas secas de ervas aromáticas. Após o término do ritual, as cinzas eram distribuídas entre os componentes do ritual. OXUM – A LUZ NA ESCURIDÃO Os nagôs igbominas contam, em solo brasileiro, que Olodumare, o criador dos seres humanos, no primeiro dia da criação, determinou que houvesse a Luz no universo. A essa luminosidade deu o nome de Sol. Esse fulgor proporcionaria aos seres humanos o seu desenvolvimento, trabalhando e obtendo o fruto necessário para sobrevivência. Mas, a luz do sol não permanecia o tempo necessário para os seres humanos. Dessa forma, a noite surgia rapidamente, e, com ela, a escuridão longa e maçante, impedindo os seres humanos de se locomoverem. A escuridão era tamanha que não permitia a expansão da luz emanada pela lua. Os seres humanos, em desespero, clamaram aos orixás pela possibilidade de proporcionarem um período maior de luz solar. Após várias súplicas, Yèyébírú, apiedando-se dos seres humanos, pediu a Olodumare permissão para poder amenizar o sofrimento dos mesmos. Quando diante de Olodumare, Yèyébírú se pronunciou: “Senhor, me permita criar algo que faça com que o Sol permaneça por mais tempo iluminando o Mundo novo (Àiyé Titun), o Planeta Terra?” Olodumarê de imediato respondeu: “Sim, já provou por várias vezes que é um ser habilidoso. Assim sendo, eu deixarei realizar essa criação.” Tempos depois, Olodumare convocou todos os orixás a sua presença. Quando diante de todos, informou que Yèyébíru resolveu formalizar um encantamento por meio do qual faria com que o Sol permanecesse por mais tempo iluminando o “Aiyé titun” (O novo mundo). Os orixás, surpresos, perguntaram: “Quais artimanhas Yèyébíru irá aprontar desta vez?” “Saberemos daqui a pouco”, exclamou Olodumare. Tão logo Olodumare terminou sua fala, Yèyébíru, com toda a sua pele ungida por mel de abelhas, surgiu dançando diante de todos. Em sua cabeça, emanando fogo, havia uma lamparina feita de uma abóbora moganga (“elégédé”). Durante a dança, Yèyébíru entregou a Exu as sementes que havia retirado de dentro da moganga, pedindo ao mesmo que por meio de um redemoinho espalhasse as sementes no Novo Mundo (“àiyé titun”). Essa solicitação Exu executou imediatamente. “O que espera conseguir com esse procedimento?”, indagou Olodumare. Sem titubear, Yèyébiru respondeu: “Desejo que os seres humanos possam colher as mogangas, delas se alimentem, e façam delas lamparinas. Assim, iluminarão as noites.” Adendo: Este é o motivo pelo qual acendemos lamparinas durante os festivais consagrados a Òsun.

POR 

image.png

Ewé Étipónlá conhecida no Brasil principalmente por Erva tostão e também por agarra pinto, pega pinto, tangaraca, bredo de porco. Planta presente em vários países sendo disseminada em outros continentes e no Brasil em quase todo território nacional.

Nome científico: Boerhaavia difussa L, Nyctaginacede
Orixás: Xangô e Oya
Elementos: Fogo, masculino

Nos candomblés Jêje/Ketu da Bahia, Rio, São Paulo e nos Xangôs de Pernambuco, esta folha é reverenciado nos rituais das “Folhas”, sarsanhas.
Pessoas ilustres no culto a Egungun usam esta folha para proteção contra os ajoguns.

Korin Ewé Étipónlá :

Ifá owó Ifá omo
Ewé étipónlá ‘bà Ifá orò
Itá* owo Itá omo
Ewé étipónlá ‘bà Ifá orò

Orunmilá é quem traz boa sorte e dinheiro
A folha de erva-tostão é abençoada por Orunmilá
Folha de pitanga é quem traz boa sorte e dinheiro
A folha de erva-tostão é abençoada por Orunmilá

Obs: No Korin acima mencionamos Ìtá* – Folha da Pitangueira Ewé Ìtá, é uma folha de muita força, utilizada para atrair felicidade e sorte (axé odára), pertencendo a Ossayin e Osun. É uma folha quente, devendo ser usada com cuidado, principalmente pelos filhos do Orixá nos Caminhos Ògún.

Ewé Ítà: A folha da Prosperidade

image.png

Korin outra versão da cantiga:

A fí pa burúrú,a fí pa burúrú
Etiponlá wa fi pá burúrú
Ita owó, ita omo
Etiponlá wa fi pá burúrú

Nós utilizamos para acabar com as complicações
Etiponlá que nós usamos para acabar com as complicações
A folha de Ita atrai dinheiro, Ita atrai filhos
Etiponlá que nós usamos para acabar com as complicações

Muitas Casas de candomblé espalham Ewé Étipónlá pelo chão do barracão durante antes de começar o xirê.

Pequisa livros: Ewé José Flávio P de barros e Hugo Napoleão Ewé Pierre Verger
Site: Jonatas Gunfaremim
Acervo cultural: Ilé Àse Òsòlúfón-Íwìn

image.png
A alfavaquinha-de-cobra, conhecida na Bahia e Rio de Janeiro, é uma erva de origem africana que disseminou-se por todo o Brasil.Prolifera em lugares úmidos, sendo encontrada com facilidade em pedreiras, jardins, florestas sombreadas e mesmo em terrenos abandonados e beiras de calçadas.
Conhecida entre os erveiros pelo nome de orirí ou orirí-de-oxum, é fundamental nos rituais de iniciações e obrigações periódicas que ocorrem nos candomblés jejê-ketu, entrando no àgbo de todos os Orixás.
Nome popular: Alfavaquinha de cobra, Orirí.
Nome Científico: Peperomia pellucida (L.)Kunth., Piperaceae
Orixás: Oxalá, Oxum e Orí
Elementos: Água/feminino- Fria
Verger (1992:30,31), citando um mito de Ifá, relata que: “Igbádù é a casa de Odú. Não se pode entrar na casa e olhar o interior, se não se esfregar antes os olhos com água de calma, composta de folha de òdúndún, tètè e rínrín, de limo da costa (karitê) e de água (contida no casco) de um caracol.
Todo babalaô que vai fazer o culto de Orumilá na floresta deve antes adorar Odù, sua esposa no Igbádù se não Orumilá não ouvirá seus pedidos e não saberá que este babalaô é seu filho”.
É interessante notar a relação que essa erva tem com os olhos, seja no plano litúrgico, seja no fitoterápico. No plano litúrgico, ela pertence também a Oxum, que, na qualidade de Opará, é sincretizada com Santa Luzia, sendo ambas protetoras dos olhos. Na medicina popular, as pessoas do interior usam o sumo extraído do caule desse vegetal para combater irritações e inflamações oculares.
Korin Ewé:  Rinrin àtòrì ó
                  Ó rinrin àtòrì
                  Ba iyin se ìrùnmalé
                  Ba iy isà ba ba’ri ba’ro
                  Bá ísà ba Bàbá k’Òrun
                  Atá kò ro oju àlà fori kan
                  Ó rinrin àtòrì Bàbá pèsún.
Pesquisa: Ewé – José Flávio P, de Barros e Hugo Napoleão
Ewé -Pierre Verger
Acervo cultural: Ilé Àse Òsòlúfón Íwìn

Perfil Tia Ciata

A imagem pode conter: 1 pessoa

Foto: Internet

Hilária Batista de Almeida, conhecida como Tia Ciata (Santo Amaro da Purificação1854 — Rio de Janeiro1924) foi uma cozinheira e mãe de santo brasileira, considerada por muitos como uma das figuras mais influentes para o surgimento do samba carioca. Foi iniciada no candomblé em Salvador por Bangboshê Obitikô e era filha de Oxum.[1]

No Rio de Janeiro, era Iyakekerê na casa de João Alabá. Também ficou marcada como uma das principais animadoras da cultura negra nas nascentes favelas cariocas. Em sua casa na Praça Onze, onde os sambistas se reuniam, foi criado o primeiro samba gravado em disco – “Pelo Telefone”- , uma composição de Donga e Mauro de Almeida, na voz do cantor Baiano, também nascido em Santo Amaro da Purificação.[1][2]

Tia Ciata tornou-se um símbolo da resistência negra no Brasil pós-abolição e uma das principais incentivadoras do samba depois de abrir as portas de sua casa para reuniões de sambistas pioneiros quando a prática ainda era proibida por lei.[2][3] Nascida na Bahia, em 1854 e aos 22 anos levou o samba de Roda para o Rio de Janeiro. Foi a mais famosa das tias baianas (na maioria iyalorixás do Candomblé que deixaram Salvador por causa das perseguições policiais) do início do século, eram negras baianas que foram para o Rio de Janeiro especialmente na última década do século XIX e na primeira do século XX para morar na Praça Onze, na região da Cidade Nova.[2][3]

Biografia

Conhecida como Tia Ciata, Hilária nasceu em Santo Amaro da Purificação, em 1854, em data incerta.[4] Com 22 anos, ela se mudou para a cidade do Rio de Janeiro, no êxodo que ficou conhecido como diáspora baiana.[1] Conheceu então Noberto da Rocha Guimarães, com quem teve sua primeira filha, Isabel, mas o relacionamento não foi adiante. Solteira e com uma filha para criar, ela começou a trabalhar como quituteira na Rua Sete de Setembro, sempre paramentada com suas vestes de baiana. Através da comida e das vestes típicas, ela expressa a fé do candomblé, proibido na época.[2][4][5]

Casou-se algum tempo depois com João Baptista da Silva, funcionário público, com quem teve 14 filhos, relacionamento que foi fundamental para a sua afirmação na Pequena África, como era conhecida a área da Praça Onze nesta época.[1][4][6] Recebia todos os finais de semana em sua casa, nos pagodes, que eram festas dançantes, regadas a música e seus quitutes. Cantava com autoridade respondendo aos refrões das festas, que se arrastavam por vários dias.[4][6][5]

Tais reuniões traziam diferentes compositores e figuras da noite carioca, como Hilário Jovino FerreiraDongaSinhô e João da Baiana, para os saraus. A casa da Tia Ciata na Praça Onze era tradicional ponto de encontro de personagens do samba carioca, tanto que nos primeiros anos de desfile das escolas de samba, era “obrigatório” passar diante de sua casa.[1][2] Eram comuns as “rodas de samba”, onde os mais velhos ficavam na sala da frente cantando alto e os mais jovens nos outros cômodos cantando o samba corrido, enquanto no terreito ficavam aqueles que gostavam da batucada.[6][5]

A repressão da polícia também era comum, porém Tia Ciata era curandeira conhecida das autoridades e muitas vezes ela era chamada para ajudar enfermos e doentes em suas casas. Conta-se que ela teria ajudado o então presidente da República, Wenceslau Brás, com um machucado na perna que não cicatrizava.[4][6]

Candomblé

Tia Ciata, além de cozinheira, costureira e anfitriã, era também “IYá Kekerê” (principal auxiliar do pai-de-santo) num dos mais prestigiados terreiros do Rio de Janeiro, o terreiro de João Alabá. Ela teria incorporado um Orixá que disse aos presentes haver cura para a tal ferida e recomendou a Wenceslau Brás que fizesse uma pasta feita de ervas que deveria ser colocada por três dias seguidos sobre a ferida. Quando a ferida foi curada, o presidente teria lhe garantido qualquer pedido, mas Tia Ciata teria pedido um emprego no serviço público para o marido, por conta da numerosa família que tinha.[4][6][5]

Buci Moreira (1909-1982) e Manoel Macaco. Moreira era neto de Tia Ciata.

Além dos doces, Tia Ciata alugava as roupas de baiana para os teatros para que fossem usados como figurinos de peça e para o Carnaval dos clubes. Nesta época, mesmo os homens, se vestiam com as suas fantasias, se divertindo nos blocos de rua. Com este comércio, muita gente da Zona Sul da cidade, da alta sociedade, ia à casa da baiana e passando assim a frequentar as suas festas.[3] Era nessas festas que Tia Ciata passou a dar consultas com seus orixás. Sua casa é uma referência na história do samba, do candomblé e da cidade.[4][6][5]

Últimos anos e morte

Seu marido João Batista da Silva morreu em 1910, época em que Tia Ciata já era considerada uma autoridade e uma estrela no meio do samba carioca.[5] Tinha respeito e popularidade, muito maiores do que qualquer personalidade negra da época. Todo o ano, durante o Carnaval, armava uma barraca na Praça Onze, onde eram lançadas as marchinhas, que ficariam famosas no Carnaval da cidade.[1][2][3][4][6][5]

Tia Ciata morreu em 1924, em data incerta, na cidade do Rio de Janeiro.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Nenhuma descrição de foto disponível.

Um importante ritual que está se perdendo Ipadê .


O ritual do Ipadê é praticado desde os primórdios pelo povo de Ketu. Por isso, com a constituição do Candomblé aqui no Brasil, este preceito não foi reproduzido nas Casas de origem Jêje.

É bom esclarecer desde logo que o ritual do Ipadê, e o padê de Exu são duas coisas diferentes.
O Ipadê é um fundamento da religião direcionado para saudar os ancestrais; e o padê é uma comida de Exu.

“Despachar Exu”, como se diz usualmente, também não se confunde com o Ipadê. O ato de despachar Exu, na verdade, atende ao princípio de que esta divindade deve ser a primeira a ser agradada. Assim, antes do início do xirê, ou mesmo antes dos demais Orixás serem reverenciados, Exu deve ser o primeiro a receber seus agrados. Caso contrário, os praticantes podem ser punidos com as artimanhas dele.
Feitas as distinções necessárias, vamos então falar diretamente sobre o Ipadê. Esse ritual é necessário em 3 situações: quando são sacrificados animais de 4 patas para Exu; nas Águas de Oxalá e no axexê.
O Ipadê só é realizado durante o dia, pois necessita da claridade natural. Portanto, seu melhor horário gira em torno de 14 às 16hs. Só é feito à noite, durante o axexê.
No Ipadê, são reverenciados Exu (o mensageiro), os ancestrais masculinos (eguns), femininos (iyá mi), os esás (ancestrais importantes daquele Egbé) e alguns Orixás (conforme a tradição de cada Axé).
Os elementos necessários ao Ipadê, são: uma cuia feita de cabaça (representando a cabeça de todos), a acaçá (simbolizando o corpo da comunidade), a cachaça (oti), omi (a água, capaz de acalmar e fertilizar), a farinha de mesa crua (iyefún, significando a fecundidade) e finalmente o dendê ou o limo da costa (conforme o caso).
Este ritual é essencialmente comandado pelas mulheres. No caso, a iyadagán e a iyámorô. A primeira prepara os ingredientes, sentada em frente ao Axé, enquanto a segunda dança em volta da cumeeira e despacha os elementos, acompanhada pelos Ogans que batem os atabaques e cantam as músicas especiais para esse momento. Tais músicas e rezas não são executadas em nenhum outro ritual, muito menos no xirê.
Quando o Ipadê é realizado nos trabalhos fúnebres de axexê, não são usados os atabaques, mas instrumentos especiais feitos de cabaça.
Todos aqueles que participarem do Ipadê devem ter as cabeças cobertas. Os mais velhos, ficam sentados, e os mais novos, ajoelhados em esteiras.
Ninguém fica parado durante o Ipadê. Todos devem balançar levemente o corpo, demonstrando que enfrentam vivos aqueles rituais.
A sequência das músicas é repetida durante o preparo e despacho das oferendas, sempre por três vezes. A ordem de reverência é: Exu, egun, esás (alguns fundadores dos primeiros Candomblés, como Obitikô, Oburô, Akesan, Adiro, Ajadi e Akayiodê); os Orixás afinizados (Exu,Ogu, Odé, Omolu, Oxum, Oya, Yemonja, Xangô, Lufan e Guian); as iyá mi oxorongá e finalmente os próprios membros da comunidade participantes.
É um ritual lindíssimo, mas que requer atenção total, meticulosa concentração e extremo respeito.
Pena que o Ipadê esteja sendo renegado ao esquecimento. O requinte desse preceito litúrgico exige que o egbé (a comunidade) possua elementos com tempo de Santo e preparo suficiente para esse ofício.
Em muitas Casas, os iyawôs nem podem estar presentes na cerimônia do Ipadê.
A riqueza dessa tradição, antes de mais nada, nos indica um ensinamento básico da matriz africana: respeito aos mais velhos. E reverenciar os mais velhos (ancestrais masculinos e femininos) consiste nisso! Agradecer, agradar, ofertar àqueles que vieram antes de nós, e que, por isso, construíram parte do caminho que hoje seguimos. Devemos a eles! Pedimos então sua proteção, sua licença para trabalhar.
O respeito aos mais velhos é tudo. É a razão de acatar à ordem hierárquica, o motivo de aprender a obedecer, nos talhando para posteriormente saber mandar.
Respeitar os mais velhos é aprender com a sabedoria e com a experiência dos que viveram mais do que nós. É também a garantia de que no futuro seremos nós próprios respeitados e prestigiados com carinho e solidariedade.
O Ipadê é um pouco isso tudo.

Texto: Portal do Candomblé

É com profundo pesar que notificamos que Bajigan Ailton , umas das mais antigos Ogans do Rio de Janeiro partiu para o Orun.

No dicionário da língua portuguesa a palavra chefe significa: comandante, autoridade, diretor, líder e mestre. Já na língua fon a palavra agbájígán significa chefe.

Nos Candomblés da Nação jeje, Agbájígán ou Bajigan é o responsável pelo agbasá (salão) pelos cânticos e pelo terreno onde estão as árvores sagradas dos Voduns.

 Além de promover a tranquilidade e a segurança para todo o Xwe Vodun (Casa do Vodun), O Bajigan é essencial na organização e andamento das cerimônias religiosas, pois a sua sabedoria e conhecimento ajudam no sucesso de todos. É isso, o Bajigan é um mestre inteiramente dedicado aos Voduns.

Essa aplicação é nata no carioca do Bairro do Sampaio, Ailton Benedito, que tinha um avô por parte de pai Sacerdote de Vodun. Foi esse avô que ainda criança que fez suas primeiras obrigações.

O tempo passou e em 1972 foi confirmado Bajigan para o Ọbalúwáiyé de João Carlos, filho de santo do Senhor Jorge de Yemọja.

Bajigan Ailton foi casado por 50 anos com a saudosa Ìyálórìṣà Yara de Ọ̀ṣun, e juntos dirigiam o Terreiro, Casa Branca de Ọ̀ṣun no Parque São Bernardo em Belford-Roxo.

Atualmente Bajigan Ailton estava casado com Denise Sabadi de Ọ̀ṣọ́ọ̀sí e assessorava o Bàbálórìṣà Serginho de Ògún, que ficou na direção da Casa Branca de Ọ̀ṣun.

Mawu Na Nu Vodun Sem! (Que Deus abençoe os Sacerdotes de Vodun!)

Axé!

Texto: Paulo de Oxalá

Resultado de imagem para fotos de cabaça

A cabaça é um fruto vegetal com larga utilização no Candomblé. É o fruto da cabaceira. Inteira, é denominada cabaça; cortada, é cuia ou Coité; e as maiorias são denominadas cumbucas. Nos ritos do Candomblé, sua utilização é ampla, tomando nomes diferentes de acordo com o seu uso, ou pela forma como é cortada. Os iorubás, como todos os outros povos, aproveitavam as igbá [cabaças] como vasilhas para uso doméstico e ritualístico. As cabaças, dependendo do seu uso, recebiam nomes diferentes:
A cabaça inteira é denominada Àkèrègbè, a cortada em forma de cuia toma o nome de Igbá. A cortada em forma de prato é o Ìgbájé , ou seja, o recipiente para a comida; a cortada acima do meio, forma uma vasilha com tampa, tomando o nome de Ìgbase ou cuia do Àse, e é utilizada para colocar os símbolos do poder após a obrigação de sete anos de uma Ìyàwó como a tesoura, navalha, búzios, contas, folhas, etc. que permitirão à pessoa ter o seu próprio Candomblé. Ado – cabaças minúsculas são colocadas no Sàsàrà de Omolu, como depósito de seus remédios. No Ógó de Èsù, uma representação do falo masculino, as cabaças representam os testículos.
Usa-se uma das partes da cabaça cortada ao meio, e colocada na cabeça das pessoas a serem iniciadas e que não podem ser raspadas por serem Àbìkú, para nela serem feitas as obrigações necessárias. Com o corte ao comprido, torna-se uma vasilha com um cabo, chamada de cuia do Ìpàdé e serve para colher o material de oferecimento ou para colher as águas do banho de folhas maceradas. Inteira e revestida de uma rede de malha será o Agbè, instrumento musical usado pelos Ogans, durante os toques e cânticos. Uma cabaça com o pescoço comprido em forma de chocalho é agitada com as suas sementes, fazendo assim o som do Séré, forma reduzida de Sèkèrè, instrumento por excelência de Sàngó.  A cabaça inteira em tamanho grande substitui nos ritos de Àsèsè, a cabeça de uma pessoa que morreu e que por alguns fatores não é possível realizar as obrigações de tirar o Òsu. Por fim, pode ser lembrado que a cabaça cortada em forma de vasilha com tampa é conhecida como Ìgbádu, a cabaça da existência e contém os símbolos dos quatro principais Odù: Éjì, Ogbè, Òyekú Méjì, Ìwòri Méjì e Òdí Méjì.

1 – Akèrègbè – cabaça de bom tamanho [30 a 50 cm], servindo como vasilha para líquidos;
2 – Igbá – cabaça cortada em forma de cuia. ÌGBÀ = assentamento de Orixá; panela onde se guardam os objetos sagrados dos deuses e se faz o sacrifício;
3 – Ibajé – cabaça cortada em forma de prato. Recipiente para a comida;
4 – ÌGBASE – Cabaça cortada acima do meio, formando uma vasilha com tampa;
5 – Ádo – pequena cabaça utilizada para armazenar pós ou remédios. É aquela que se vê nas figuras de Exu, Osaniyn e Obaluaiye;
6 – Cabaça cortada ao meio;
7 – Cabaça do Ipadê;
8 – Agbé – Inteira e revestida de uma rede;
Xequerê instrumento musical.
9 – Séré – cabaça com um longo e fino pescoço. Quando cortada ao meio, serve como uma concha. Quando inteira, serve como chocalho ritualístico para anunciar Xangô, sendo chamada então de SÉRÉ Sángo;
10 – Cabaça Inteira;
11 – Igbadu;
12 – Ahá – pequena cabaça servindo como copo ou xícara para tomar remédios e bebidas;
13 – Ató – cabaça pequena e comprida, utilizada para guardar remédios;
14 – Pòko – ou a metade superior ou a inferior de uma cabaça de forma oval;
15 – Igbá kòtò – cabaça larga e alta, usada para guardar ÈkO [um bolo de milho] quente. Tem uma tampa que pode ser usada como funil;
16 – Koto – cabaça grande e larga, semelhante a um cesto .

Texto Internet-Àṣẹ ÌyáOmi